Sólido Volátil
Curadoria de Eder Chiodetto
março/abril de 2025
no FONTE




As investigações poéticas e formais que circunscrevem as obras criadas por Luciana Rique para o projeto Sólido Volátil, foram dinamizadas a partir de sua necessidade de gerar metáforas visuais para transcender a percepção normativa da paisagem, do cotidiano e dos dilemas existenciais que marcam sua trajetória.
Logo, estamos diante de uma obra que interpela e avança sobre os limites do fotográfico para criar parábolas visuais que iludem nosso campo visual, oferecendo renovados pontos de vistas para um determinado paradigma, objeto ou uma ocorrência do tempo-espaço. É por meio desse potencial de transmutação do aparente, que a obra de Luciana Rique se solidifica como uma instância terapêutica. Tudo o que aparentemente se afirma de uma forma, pode ser reformado infinitas vezes. A ideia de que toda realidade aparente é mutável, permeia o eixo de sua pesquisa.
A arte irrompe, então, com seu potencial de transmutação da realidade, capaz de criar um ambiente acolhedor e uma percepção ampliada sobre nosso lugar no mundo. Nessa exposição, Luciana convida o público a interagir com sua pesquisa, ao dispor imagens e materiais utilizados em suas obras numa mesa para que eles sejam livremente manuseados na busca de novas proposições.
Exposto no ano passado no Rio de Janeiro, Sólido Volátil chega a São Paulo em versão revista e ampliada. Há uma ênfase maior agora em obras que saltam do plano, ganham a tridimensionalidade e criam um novo campo de força nessa investigação que já polarizava planos distintos, opacidade e brilho, figura e fundo. Nada é o que parece ser. Luciana Rique afirma cada vez mais a inconstância da forma e da matéria.
No limiar, a pulsão do devir, que essas obras propagam, se sobrepõe cate- goricamente ao processo de estagnação daquilo que naturalmente está no mundo para mover-se adiante. Todo ser único preserva em si a potência de ser múltiplo.
Eder Chiodetto



